Ômicron é muito mais transmissível e vem causando uma explosão de casos pelo mundo. Estudos indicam que ela é menos grave, mas ainda é cedo para ‘bater o martelo’, diz especialista
Apesar dos quase 620 mil mortos pela covid-19 e mais de 22 milhões de casos da doença até aqui, as médias de novos casos e óbitos vêm caindo nos últimos meses e este final de 2021 é marcado por um período de relativa calmaria da pandemia no Brasil. Isso por conta do avanço da vacinação. Mesmo com desequilíbrios regionais, dois em cada três brasileiros já receberam pelo menos duas doses das vacinas. No entanto, os brasileiros, assim como o restante do mundo, estão diante de um novo desafio: a variante ômicron, que já assustava em 2021. A nova cepa desponta como uma protagonista desafiadora em 2022, nesse drama que assola o mundo há dois anos. (Foto arquivo mercado e eventos sobre carnaval)
Do início da pandemia até aqui, cerca de 5,3 milhões de pessoas em todo o planeta não resistiram à doença. Os casos totais oficialmente identificados estão na casa de 277 milhões. Com a ômicron, o número de casos voltou a explodir, por enquanto na Europa e nos Estados Unidos. O que se sabe até agora é que essa nova variante é pelo menos quatro vezes mais transmissível do que a delta, que foi a principal vilã de 2021.
Porém, pouco se sabe sobre a ômicron, cuja aparição se deu recentemente. Ela foi identificada pela primeira vez, na África do Sul, apenas no final de novembro. Com dados preliminares emitidos por aquele país, que indicavam que a variante levava a índices menores de hospitalização que a delta, os mais afoitos chegaram a chamar a nova cepa de “presente de Natal”.
Barreiras
Na verdade, com os avanços nas pesquisas, foi possível perceber que a ômicron não era menos letal por natureza. Ocorre é que ela tem encontrando uma população mais imunizada, principalmente nos países do hemisfério norte.
Por essa razão, estudo do Imperial College, de Londres, divulgado pouco antes do Natal, indicava que a possibilidade de internação pela nova cepa é de 40% a 45% menor para pacientes que tomaram ao menos duas doses. Além disso, a necessidade de atendimento emergencial é de 25% a 30% menor com a ômicron para esse grupo.
Ainda assim, diversos estudos apontam para a capacidade da nova variante burlar a proteção das duas doses dos imunizantes. Por outro lado, os experimentos realizados pelos fabricantes apontam que a dose de reforço é capaz de elevar a imunidade do organismo a ponto de conter o desenvolvimento de sintomas graves da covid-19. Ao mesmo tempo, estão surgindo novos medicamentos antivirais que prometem combater todas as variantes já conhecidas do novo coronavírus.
Mas mesmo com tudo isso, o Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de Washington, prevê que a ômicron deve causar 3 bilhões de novas infecções nos próximos dois meses. Segundo a avaliação, só nos Estados Unidos deverão ocorrer cerca de 140 milhões de novos casos de covid-19 até 1º de março.
Naquele país, o pico de transmissão deve ocorrer no final de janeiro, juntamente com o pico do inverno no hemisfério norte, apontam os pesquisadores. Os números assustam, mas o diretor do IHME, Chris Murray, acredita que mais de 90% das pessoas infectadas pela ômicron podem nem mesmo apresentar sintomas. Desde que devidamente vacinadas, ressalva.
Precaução
Para a neurocientista Mellanie Fontes-Dutra, coordenadora da Rede Análise Covid-19, ainda é cedo para “batermos o martelo” quanto à gravidade da ômicron. “Temos indicativos nesse sentido (da menor gravidade). Mas também temos populações com cobertura vacinal desigual, algumas mais, outras menos. E isso também impacta na gravidade da doença”, comentou.
Em função disso, ela diz que é preciso corrigir os desequilíbrios regionais da vacinação no Brasil, além de avançar a imunização, tanto para as primeiras duas doses, como a dose de reforço. Outra prioridade é iniciar “o mais rápido possível” a vacinação das crianças. “Ou seja, ainda temos pessoas suscetíveis e/ou com risco de hospitalização”.
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