Ganha força a possibilidade de combinar doses de vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas com tecnologias diferentes, tanto para aumentar a proteção quanto para contornar a falta de imunizantes. É a chamada intercambialidade, palavra que está em alta nos estudos científicos e passa a ser discutida cada vez mais nos programas nacionais de imunização.
No ano passado, a combinação da primeira dose de AstraZeneca com uma segunda de Sputnik V começou a ser cogitada, mas os testes ainda não começaram. Os resultados mais robustos até agora são os que combinam a primeira dose da AstraZeneca/Oxford com uma segunda de Pfizer/BioNTech. A combinação seria mais potente para estimular a produção de anticorpos neutralizantes e a ação de células de defesa T.
Estudos britânicos e alemães apresentados na semana passada chegaram a essa mesma conclusão. Eles reforçaram os achados anunciados em maio pelos testes CombiVacS, liderados pelo Instituto de Saúde Carlos III, em Madri.
Entenda: O que já se sabe sobre a combinação de duas doses diferentes de vacina
Em tese, a combinação da AstraZeneca com a Pfizer atua em duas frentes. A vacina da AstraZeneca/Oxford emprega o adenovírus 5 de macaco, inofensivo para seres humanos, para transportar a proteína S do coronavírus Sars-Cov-2 para dentro das células da pessoa inoculada – método bom para estimular uma resposta potente das células T. Já os imunizantes feitos com mRNA, como o da Pfizer, se revelaram excelentes, segundo a prestigiada revista Nature, para induzir uma elevada produção de anticorpos.
Um estudo nas Filipinas investiga a combinação da CoronaVac com outras seis vacinas aprovadas no país. As possibilidades de intercambialidade são muitas, pois há 16 vacinas contra a Covid-19 aprovadas para uso em um ou mais países.
No entanto, até agora todos os estudos são pequenos. Também é preciso obter mais informações sobre efeitos adversos num prazo maior e com mais pessoas testadas.
Fonte: O Globo
Foto: JASON CAIRNDUFF/REUTERS